Companheiros Vamos
Companheiros vamos
lutando contra este tempo,
escorregadio réptil: tempo
de delação e calúnia.
A Opressão veste a máscara angélica
e a Propaganda fixa-lhe asas alvíssimas.
Como discernir na ululante
massa de negros demônios
o silencioso Anjo demótico?
Companheiros vamos perdidos
pelos subúrbios nebulosos,
indecisos de encruzilhadas.
Olvidados, companheiros,
de que mãos cimentaram a coação dos caminhos.
Tem muitas pétalas a rosa-dos-ventos
e temos nossas mãos.
Investiguemos, companheiros,
a geologia destes pântanos.
Das pontes ainda impalpáveis do sonho
deciframos futuros
as luzes da Cidade construenda.
Saltar os muros de medo e fraude,
companheiros!
e em campo virgem
caminhar, noturnos, noturnos
de não saber caminhos.
Que vamos em bandeira! E, rujam
os anjos de papel, deslumbrem-nos
esmeraldas de engodo, — vamos!
demônios do verde e da febre,
à frente vamos!
E se ao engano, tranqüilos
de que alguém seguirá lutando.