Civismo
_________________________________________________________________________________
"MINHA PÁTRIA:
Não ouças nada em margens plácidas,
É tudo mentira do americano.
Nem soltes brados retumbantes:
Vais acabar ficando rouca.
És bela, és forte, pela própria natureza,
Mas falta-te alguma coisa:
Juízo, talvez, como Tertuliano,
E um pouquinho de força de vontade.
Anda, levanta, acorda,
O dia já vai alto,
Todo o mundo trabalhando,
E tu, sempre deitada.
Pôxa, vamos lá, assim já é demais.
(Mas a minha Pátria não ligava,
Dizia que não havia pressa:
— Calma no Brasil que o Brasil é nosso)
Mas o Brasil é vosso, capitalista
O Brasil é vosso, militarista
O Brasil é vosso, reacionário
O Brasil é vosso, latifundiário
O Brasil é vosso, "bêbado, pulha, falsário"
O Brasil é vosso, politiqueiro
O Brasil é vosso, homem-carneiro
O Brasil é vosso, grátis e inteiro."
Enquanto os pulhas pilham
O verde das nossas matas
O amarelo do nosso ouro
O azul do nosso céu, com estrelinhas e tudo,
Lá está a minha Pátria, deitada,
Ouvindo o marulhar das águas
Nas margens do Ipiranga,
Com preguiça até de pescar.
"Ó minha Pátria, como é que é?
Vamos fazer alguma coisa. . .
Vamos botar pra quebrar?"