CARNAVAL 81
Agora, sim, a mulher começa a ser
o uso sem medo da nudez acesa
em noites abertas meio-a-meio
entre a mão que apalpa e o gozo que incendeia.
Antes, que tristeza, os vestidos escondendo
esplendores do corpo numa treva feia.
Ah, os pagãos, que sábios em suas festas
do ser erótico e puro, além do bem e do mal.
Agora, sim, Cristo everte a morte no lençol
e volta redivivo, também ele natureza
humana, ritualmente humana
nesta orgia limpa, neste carnaval
de bundas e mãos e seios e bucetas
nos remelexos da vida quando é o som
da liberdade explodindo em carnações
da alegria de ser que nos roubaram
os adoradores do medo, os que não veem
na evolução dos sentidos a beleza
da verdadeira vida sob a pele humana.
Agora, sim, Eros está contente porque
assumiu na mulher a bunda e o seio
assim como a luz do sol assume
a rosa que a brilhar no orvalho veio.