Canto IV

Jorge Mautner

CANTO IV

 

Dói a dor como antes

E assim o fatal e atroz

Destino de todos os passantes

Que se amarram em seus próprios nós

 

E agora eu pergunto:

Cantar adianta?

E o vivo-defunto

Não me espanta nem se espanta

 

Dor do meu fracasso

Parou na garganta

Já sou mais do que palhaço

E certo de chegar perto de ser planta

 

Pelo menos estas pétalas

São suaves e dão carinho

São como tuas carícias completas

Flores, são amores, nunca me deixam sozinho

 

O que tenho que não tens?

Menos que o menos dos venenos

Sou como os velhos trens

Ou então como os venenos mais pequenos

 

Cheguei até a rir

Da dor que me estraçalha

E se eu cair e em sangue me esvair

Saiba que foi a navalha

 

Que o malandro herói

Usou para perfurar e enganar

Este peito que me dói e me remói

Se corrói mas não para de sangrar

 

Eu queria navegar num navio

Talvez barco ou caravela

E mesmo no Polo Norte não ter frio

Por estar preso ao teu calor como a uma vela

 

Por puro ódio de novo

Me procuras e me torturas

Como se eu fosse um ovo ou o povo

Que já está cansado de futuras loucuras de ditaduras e linhas duras, ó que agruras!

 

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— Colofão

Coordenação

Marcelo Ferraz (UFG/CNPq)

Nelson Martinelli Filho (IFES/UFES/CNPq)

Wilberth Salgueiro (UFES/CNPq)

Bolsistas de apoio técnico (FAPES)

Juliana Celestino

Valéria Goldner Anchesqui

Bolsistas de pós-doutorado (CNPq)

Camila Hespanhol Peruchi

Rafael Fava Belúzio

Pesquisadores/as vinculados/as

Abílio Pacheco de Souza (UNIFESSPA)

Ana Clara Magalhães (UnB)

Cleidson Frisso Braz (Doutorando UFES)

Cristiano Augusto da Silva (UESC)

Diana Junkes (UFSCar)

Fabíola Padilha (UFES)

Francielle Villaça (Mestranda UFES)

Henrique Marques Samyn (UERJ)

Marcelo Paiva de Souza (UFPR/CNPq)

Mariane Tavares (Pós-doutoranda UFES)

Patrícia Marcondes de Barros (UEL)

Susana Souto Silva (UFAL)

Weverson Dadalto (IFES)

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— Financiamento e realização

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