Borderline

Angela Melim

BORDERLINE

 

Com a colaboração especial da

 Cigana, do Cabeça e do Bisão

 

Tá o maior rebu aqui, cara, desde ontem. Quando che-

guei tava ela gritando da janela, tá o maior rebu aqui,

cara, sobe logo, bêbada que nem um camelo. Tava mes-

mo, uma num canto chorando, dois trepando no chão,

gente na cozinha discutindo. O magro acordou de mau

humor, com a vizinhança reclamando, e resolveu colocar

todo mundo pra fora. Já era tempo. Os primeiros que dan-

çaram foram aqueles dois safados, nunca fui com a cara

deles. Pintou uma de sumir roupa, dinheiro. Até o magro

se encheu. Até que enfim sacou qual é a dos caras. Já

tava puto de botar comida na geladeira pra putada aca-

bar, a casa toda reclamando que o pessoal toma banho e

deixa tudo cagado. O dono já disse que aqui só podem

morar três, tava morando sete, pô! O cara tem razão, o

maior esporro. Ontem, só eu na minha, tendo que segu-

rar a barra de todo mundo. Chegou uma hora em que

consegui, numa boa. As meninas pararam de chorar, me-

nos ela. Mas a merda do magro foi dar banho na outra

que tava bêbada e comeu ela no chuveiro, foi a maior

gritaria, o bundão do 7 veio ver, ela botou a boca no mun-

do, que merda, eu ia casar com o irmão dele, ele me come

assim, sacana, viado. Aí ela lembrou do cara dela, o tal

que é imediato num navio, começou a berrar, que ia pra

Amsterdã, que o cara diz que vai pintar grana, mas não

vai nada, não pinta nunca, e eu não vou ficar apodrecen-

do aqui. E chegou o Larry da buate, com dois sapatões

histéricos que não paravam de rir, e recomeçou a zorra. O

magro largou a mulher e ficou tocando Beatles, Sexy

Sadie. A gente só acordou agora, ainda está o maior rebu,

o magro tá aqui botando todo mundo porta afora.

 

Ele pegou e escreveu Ela com o dedo no vidro embaça-

do da janela. Já tem uns quinze dias mas até hoje quando

a luz bate de um jeito dá pra ver o Ela numa letra meio

torta de criança.

 

   baby,

   do you wanna dance

   under the moonlight?

 

Já não se ajoelhava no milho. As meninas se escondiam

debaixo da escada da casa velha pra fazer sacanagem.

Enfiavam lápis, pedras, na buceta e voltavam pro recreio.

Era mais considerada aquela que andasse mais tempo com

a tralha enfiada. Umas passavam assim o dia inteiro. Era

bom sentir as coisas nos buracos andando com elas pra

cima e pra baixo, doendo, e até sangrando, quando sen-

tavam, na hora do estudo.

 

“she was also the giver of dreams and omens, of revelation

and understanding of the things that are hidden, Goddess

of the Terrors of the Night”

 

o banho pelando, ela entrou cantando, Besame mucho, o

exaustor fez muito barulho, a nuvem de vapor não dimi-

nuiu, beso enamorado como nunca me fué dado desde el

día en que nascí, José Mojica tinha sido padre, besame

hasta la locura, e em criança ouvia Harry Belafonte, brown

skinned girl stay home with my baby, novo bilhete, please

leave the shower as you would expect to find it, favor

deixar o chuveiro como você espera encontrá-lo, there

have been complaints, lá tem sido reclamações, diabolical

state, Im going away and if I don’t come back stay home

with my baby, a toalha cheira a cachorro, merda de má-

quina de lavar, touquinha de plástico na cabeça, infinitos

andares do banheiro até o quarto, imitando a Gal, todu

meu Paraguaaaaaaaaiiii, e o dono da casa no meio da es-

cada diz there have been complaints, —a, sim, o chuvei-

ro...— não, o barulho, —oh, yes, sorry —— três semanas

e mudem-se, o magro de cueca lendo classificados e es-

cutando Cat Stevens disse jóia vamos morar fora da cida-

de e comprar um policial

 

Aí, ela descobriu que estava dando uma de Bela da Tar-

de. Só dava gostoso pra amor clandestino. Quando passa-

va a amar a pessoa, sexo virava coisa suja. Perdia o tesão.

O cara ficava puto. Era o maior melodrama. Não podia

viver sem trepar, mas as separações doíam tanto amor.

 

    baby blue

 

jogaram uma bomba na ABI e outra na OAB, a rainha

acordou de mau humor, não quer mais ser rainha, tá fa-

zendo birra, esperneia, bate o pé, não há quem a conven-

ça, pânico em Buckingham, estão pensando em internar,

que nada, seu trouxa, cadê o Pablo, tô atrás de um fumim,

desci do nono com o vizinho dentro do elevador, nove

longos andares sem conseguir inventar nada pra dizer pra

ele além de bom dia,

 

o Pablo se picou pra Espanha com uma francesa, pintou

sujeira pro lado dele, uma fulana fez umas transações,

recebeu dólar falso,

 

nem ele pra mim, no térreo já ia dando aquele alívio, já ia

me despedindo, mas o puto veio junto, também ia pro

ponto de ônibus, em silêncio absoluto. Afinal pintou o

27, me despedi de novo, mas o cara também tava espe-

rando o 27. E só tinha dois lugares vazios, um na frente

do outro... puta que o pariu, cu da mãe cavalo abriu...

diz que é coisa de direita, que a linha dura tá achando

que isso de eleição e cassação por corrupção é papo de

liberal, onde já se viu, ditadura que se preze,

 

na hora de trocar teve de dizer no banco quem foi que

passou, deu o nome do Fái, os canas foram lá investigar e

acharam mais dólar, herô, fumo, bola e endereço de meio

mundo,

 

mais duas bombas em Porto Alegre

 

nessa dançou o Fái, o Pí, uma tal de Mamãe, brasileira,

que negociava pó, e uma pá de gente que conhecia o

Pablo, ele se pirou em cima

 

a colônia tá ouriçada, o telefone não pára, todo mundo

quer saber, pensam que estou em linha direta,

 

por isso é que gosto do Pablo, o cara é do caralho, limpe-

za, o cara é limpeza

 

 O rei mandou me chamar

 pra casar com sua filha

 só de dote ele me dava

 Oropa, França e Bahia.

 

Coisa sem estado, sangue e espanto, função milenar me

deixar matar por gosto.

 

Um pouco antes tinha inventado alguns provérbios e co-

lado no espelho do corredor. Colado não, enfiado na fres-

tinha entre o vidro e a moldura, junto com as cartas.

 

Macaco velho às vezes é acometido de um engano fatal,

e mete a mão em cumbuca. Aí é foda.

 

Pô, cara, cê veio pra cá pra isso e não tá agitando nada.

Logo que você chegou te dei as dicas todas e agora que

você já tá sacando a cidade, tá cagando na minha cabeça.

Sou eu que descolo tudo —— esses ingleses aí —— não fosse

eu... Os caras são do caralho, tocam paca. Trouxeram aí

uma fita deles preu ouvir. Vão gravar um álbum, querem

que eu toque com eles, gostaram do meu som. Você nem

quer saber, não tá nem aí. Não estuda porra nenhuma, pre-

cisa entrar pruma escola de inglês, a primeira coisa é o

inglês, seu inglês tá péssimo. Assim não vai dar pra você

aproveitar essa terra. Isso aqui é um barato. Você ainda

está numas de lá, isso aqui é diferente, só anda com bra-

sileiro, tem de meter pras cabeças, esquecer português,

que nem eu. Vou pros pubs ouvir os caras, na saída puxo

papo com eles e fico sabendo das transas todas. Foi as-

sim que conheci esses dois, e aquele que toca no Popy’s.

O violão do cara é muito bom. Conheci um outro, me

deu o telefone, quer fazer um jam comigo. E você nada,

cara, só quer saber desses empregos de merda, de lavar

copo em buate e limpar chão dos outros, nada de se virar.

Assim não dá pra

  I pity the poor immigrant

  ...

  in the end always left so lone

 

Depois vi numa fotografia: tive sarampo e fiquei magrela,

cheia de pereba.

 

a mãe nunca limpava aquele cocozinho dele, teve de ex-

plicar que não era cocozinho, era assim mesmo, quem

sabe da sua vida é você, disse ela, mas não é verdade,

sempre sonho que nunca mais vou ver minha mãe, en-

tendo nas mulheres uma coisa mesquinha que me irrita,

nos homens, a mesma coisa dá pena, ou acho graça, tem

uns homens que parecem uns passarinhos, disse ela, to-

mando um milkshake de morango numa lanchonete de

São Paulo. Talvez ela pensasse mesmo assim, mas dizia

isso para parecer sabida, e era esperta e valente

 

obriguei ela a trepar com meu namorado na minha cama

e chorei muito fiquei sentada na escada da portaria a

madrugada toda

 

O magro serviu ravioli pra Mia Farrow na buate. Achou a

cara conhecida, foi perguntar. Nossa! Santa! Vou escre-

ver pra mamãe que servi ravioli pra Mia Farrow!

 

As doze luas do ano solar, as Casas da Lua. Alda, Ana,

Beti, Cecilia, Clara, Helena, Hilda, Lucia, Lena, Renata,

Rosaura, Veronica.

 

Quando ela chegou ao Brasil (ela era canadense), era uma

princesinha, disse o lon.

Entrou puto que não era nem meia noite e já não tinha

nem um lugarzinnho pra se biritar, merda de cidade, fal-

ta de liberdade, onde já se viu, porra, horário pra beber,

então o cidadão não sabe quando está a fim de beber, só

pode beber quando querem que ele beba, governo de

patifes, liberdade é o caralho

 

She comes in colors everywhere

She combs her hair

She is like a rainbow

 

Olha, cara, quem sabe da minha vida sou eu. Sei me vi-

rar. Só não tenho feito você, paizinho no Rio que me

mande grana todo fim de mês. Não vem você me dizer o

que eu tenho que fazer. Tô vendo você agitar sim, esses

dois aí não tão com nada. Não queria falar, mas é muito

papo de estúdio, de álbum, e estúdio e álbum que é bom,

coisa nenhuma... Tão aí vivendo às suas custas, te fa-

zendo de trouxa. Eu não abro as pernas pra ninguém.

Muito menos pra inglês filha da puta. Vou me juntar com

esse tipo de gente por nada, sou mais eu. E não tem nada

de aprender inglês em escola nenhuma, tem mais é que

 

Ela fez muitas perguntas, queria saber se a Mia Farrow

era bonita e dizia, parece que não tem nada de especial

não é? Que é franzina, pequena, não chama a atenção,

não é? Ela só queria saber se a Mia Farrow, ou qualquer

outra estrela, ou qualquer, era mais bonita que ela. Se

deu bem.

 

Referências?                       — References?

No.                              Não.

Conta em banco?                    — Bank account?

Just arrived.                    Acabamos de chegar.

Profissão?                         — Job?

Students.                        Estudantes.

Escola?                            — School?

Did not find yet.                Ainda não achamos.

Casados?                           — Married?

Friends.                         Amigos.

Desculpem, eu tenho medo           — Sorry, I'm afraid

eu não posso tomar vocês.          I can't take you.

 

tio Saraiva dava de cinta nas sete filhas de manhã cada

uma pegava uma xícara no prego e fazia fila pra tomar

café com leite, cada xicrão branco do tamanho de um

pinico, e eu aprendi a fazer cara de mãe numa dança com

bonecos para a festa de fim de ano, a mesma cara que

usei pra me apaixonar por uma prima de mamãe que fa-

lava baixinho e era piedosa como as madres, no dia das

crianças ganhei mais balas porque meus pais eram sepa-

rados

 

   eu não sou daqui

   eu não tenho amor...

 

Papéis locais e                Local papers and 

telefones públicos.            public telephones.

We don't take students.        Não tomamos estudantes.

We don't take couples.         Não tomamos casais.

We don't take children.        Não tomamos crianças.

We don't take dogs, cats,      Não tomamos cães,

foreigners.                    gatos, estrangeiros.

 

Macaco novo nunca viu cumbuca. Vai logo metendo a

mão. O espelho está quase todo tomado de cartão e

recadinho. Só tem um espacinho de nada pra gente se

olhar, existem momentos em que a gente confia inteira-

mente nas pessoas, mesmo a mais vil, a mais mentirosa.

Nesse momento eu não podia te enganar se eu quisesse.

 

 all the Brazilians that come here say they know the

ambassador, disse a mulher da agência, todos os brasilei-

ros que vêm aqui dizem que conhecem o embaixador,

said the lady in the agency, e conhecem, she was told,

and they do, somos amigos especiais do embaixador, te-

mos conta no Banco do Brasil, recebemos dinheiro de

casa todo mês, e estamos matriculados em Oxford, só co-

meçamos no semestre que vem, enquanto isso quere-

mos conhecer isso aqui, somos casados, mas não temos

filhos nem animais domésticos.

 

é uma coisa doida confusa é um compromisso com a vida

escrito que nunca fiz mas está feito não tem jeito você

assim me excita bate mais amor bate muito cadê que meu

pai não tem nada a ver com isso? ainda estão nesse nível

de pai e mãe? disse ela, o mano de camisolão no sofá de

veludo da tia e eu olhando a festa das amigas da mamãe,

todo domingo eu vinha do colégio e o mano me mostrava

a casa toda, achando que eu não morava ali, uma casou

primeiro, não mudou nada só que os pais trocaram os

móveis de mocinha do quarto dela por um dormitório pra

casal pé de palito, a outra tinha jeito de japonesa e foi

pros Estados Unidos, um deixou arquitetura e lambreta,

deixou de ladrar feito cachorro, e foi a mamãe quem mos-

trou a lua cheia enorme pertinho do mar quando todo

mundo foi pela praia tomar sorvete em Ipanema, o Rio

era mais quieto, depois disso os meus amigos, riem mui-

to, mas não sabem bem, os outros pareciam felizes, esses

dão mais pena, casam, vão pra Europa, mas quase não

tem mais, Europa nem casamento

 

puta, de shorts na cozinha, esses ingleses nunca lavam

nada, contando, quando se mudam é um horror, ela esta-

va chorando enquanto lavava os copos, acho que tomou

um porre, estou limpando há dias, a imundície continua,

em vez de reclamar, devia dar graças a Deus, até que

enfim um lugar pra morar, inventamos mil estórias, o cara

do bar toda hora dava pra ela uma vodka com laranja es-

condido do chefão, esfregando, são milênios de sujeira,

não sairá nunca, na saída falou muito, disse que tinha

vindo porque estava apaixonada, mas não sabia se não

tinha inventado essa paixão só pra encontrar uma saída,

are you calling from the club? there are messages for you,

tinha vendido tudo pra comprar a passagem, queria vida

nova, e agora, no, he is out, working, não suportava a no-

vidade, o desconhecido, não entendi direito, mas tive

pena, those two just called, it is now 2 in the morning,

continuou falando no táxi, que chorava porque não via

saída nenhuma, ou acabava voltando ou refaria a vida aqui

igualzinha à que deixou, que só se morresse se livraria

dela mesma, seria outra, muito estranho, I told them you’ll

be working at the club until 3, it seems the studio is free,

they’ll come to get you at 4, que acabaria de novo procu-

rando o mesmo tipo de gente, de coisa, nunca ia deixar

de ser o que era, she came to see if there were any letters

for her at your place, estava presa dentro dela mesma,

Beto is selling his car, temos de comprar papel para forrar

os armários, puta, como tem armário nessa casa, Toni

needs a flat, e não quis que eu ficasse pra dormir com ela

 

ligou pra dona da agência e disse tamos aí pra se dar bem,

fodidos, sem nota pra escola nem pra conta porra nenhu-

ma, batalhando libra que inglês não quer num clube de

bicha do Soho, viu, cagona?

 

tudo acontece tão depressa não posso mesmo ter paciên-

cia durmo muito deve ser a agitação durante o dia não

páro um minuto preciso me ocupar o tempo todo o sono

também é agitado me mexo e falo muito pesadelos horrí-

veis nunca lembro de manhã fica só a sensação de pânico

acho que não descanso enquanto durmo raramente es-

tou calma mesmo os momentos felizes não são calmos só

páro tranqüila e plena em minutos que não posso medir

depois de você me bater na cara me rasgar inteira

 

vovó estava para morrer mas não queria ir sozinha me

agarrava e me pedia para ir junto com ela fiquei horrori-

zada tirei a mão cheguei a pensar que ia junto o Rio era

mais quieto vovó fazia festa de São João e o bassê engo-

liu um buscapé antes de explodir ela preparava fogo na

ponta do cabo de vassoura no dia seguinte o cimento do

pátio ficava todo preto e marcado

 

    Smiles smuggled from overseas

    Nice (smiling) blue-eyed pirates

 

Conseguiu o sonho da vida dela, falava de outra, contava,

virou americana: casou com um americano e foi morar

nos EUA.

 

foi até a cozinha preparou e comeu quatro torradas com

queijo parmesão ralado, lembrou do Riviera em São Pau-

lo onde serviam torradinhas Petrópolis, todo mundo dis-

cutia filmes, logo ali na boca dos cinemas, um ôvo quen-

te, três minutos é o ideal, meio copo de coca cola e uma

xícara de café, acendeu um cigarro e sentou para ler a

Casa Verde de Mario Vargas Llosa, tradução, entre as li-

nhas ficou pensando que semana passada alguém disse

que as descrições banais da poesia inglesa que está se

fazendo agora não querem dizer porra nenhuma como as

pinturas que os críticos chamam hiper realistas, também

contaram uma estória sobre o irmão de alguém, tinha dito

que aquele mato pra dentro de Araraquara tava cheio de

caboclo com a cara dele, o pai não parava em casa, tava

sempre inventando uma gleba de madeira pra ver pra

comprar e revender, e que precisava pensar que estava

livre, que poderia ir embora a qualquer momento, aí gos-

tava de ficar (não chora não amor isso passa é só o come-

ço eu sei que é difícil aguenta uns meses já já vai ser

como com os outros com trabalho a gente tira 45 por se-

mana o aluguel sai a 9 pra cada um vai se vivendo logo

compramos o equipamento o carrinho nas férias vamos

até a Grécia aqui tudo é perto chora não)

 

só aí deu com ele falando, garrafa na mão, devia estar

falando sozinho há uns dez minutos, isto aqui é um bara-

to, incrível, sensacional, só aqui podia tomar esse uísque

do peru, baratinho, e hashishe de montão, e o que ele

queria mais? tudo em cima, vida de rei, inglesa a dar com

o pau pra comer, e já se arrumava, entrava prum grupo

com um inglês desses, virava super star, rock é ligar a

guitarra no plug e tocar pra frente, ele ia ver só, ia se dar

bem, tava transando todas, falava inglês saboreando o

privilégio

 

Não sei de nada disse ela de peruca azul pulando carna-

val na banda de Ipanema, meus valores estão tão confu-

sos, quinze anos, um anjinho, mascote da turma, todo

mundo queria pegar, admiro a lógica, quem pode deixar

de lado? mas hoje em dia não tem sentido articular, enca-

dear, tudo assim simultâneo, fragmentado, e a outra res-

pondeu, sempre sem dinheiro, naquelas roupinhas chei-

rosas de ninfeta moderninha, reclamava, ia almoçar em

casa de amigos, só tinha arroz com feijão e bife, coisa de

subdesenvolvido, em vez de comer fruta, verdura. Aí foi

pra Londres, achou um absurdo pagar pra mijar, voltou.

 

que diabo de mágica tem essa língua pra te fascinar des-

se jeito, cara? troço mais babaca, sei eu que é legal pra

música, pra letra, dá pra fazer mil cortes, mas isso é exa-

gero, velho, qual é? tu tá querendo ser inglês não vai ser

nunca, que merda, a coisa é de sangue, ó seu babaca...

 

 

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— Colofão

Coordenação

Marcelo Ferraz (UFG/CNPq)

Nelson Martinelli Filho (IFES/UFES/CNPq)

Wilberth Salgueiro (UFES/CNPq)

Bolsistas de apoio técnico (FAPES)

Juliana Celestino

Valéria Goldner Anchesqui

Bolsistas de pós-doutorado (CNPq)

Camila Hespanhol Peruchi

Rafael Fava Belúzio

Pesquisadores/as vinculados/as

Abílio Pacheco de Souza (UNIFESSPA)

Ana Clara Magalhães (UnB)

Cleidson Frisso Braz (Doutorando UFES)

Cristiano Augusto da Silva (UESC)

Diana Junkes (UFSCar)

Fabíola Padilha (UFES)

Francielle Villaça (Mestranda UFES)

Henrique Marques Samyn (UERJ)

Marcelo Paiva de Souza (UFPR/CNPq)

Mariane Tavares (Pós-doutoranda UFES)

Patrícia Marcondes de Barros (UEL)

Susana Souto Silva (UFAL)

Weverson Dadalto (IFES)

Além dos nomes acima muitas outras pessoas colaboraram com o projeto. Para uma lista mais completa de agradecimentos, confira a página Sobre o projeto.

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— Financiamento e realização

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