Façamos um trato:
financio teu psicanalisável
desejo de prostituição
com o dinheiro de meus assaltos
contrato legiões de eunucos e viados
para serví-la.
Anuncio teu nome
em cataratas de néon dourado
levanto teu prostíbulo
em frente ao palácio dos ditadores
faço dos presidentes,
dos ministros, dos generais
e dos tecnocratas desta joça
seus fregueses dóceis
cujas taras reveladas numa noite
serão em minhas mãos panfletos,
nas auroras.
Mas você deverá sempre
guardar a navalha na liga
o orvalho nos olhos
deverá ser possuída apenas
pelos machos mais sórdidos
deverá castrar aqueles que indicarei
como inimigos do povo
e beijar apenas a mim,
na boca.
Sabe como é,
macetes
malandramente adquiridos
por um gigolô
que pensa politicamente.
Um Marat do mangue
que te amará sempre dúbio
nas fer-
idas e voltas
que resistirá sempre na banheira
entre o desejo de te ver
melada de sêmem ignóbil
e o de te amar
desesperadamente romântico
em tempo hábil,
antes do inferno.