BOLETIM DE INVERNO — 1964

Há punhais de gelo no tronco das palmeiras,

mas vai lá e arranca!

Acuado pela bruma, vai à garra,

jogando um sol na cara desse ofídio.

Se o timão se parte, cai na água

e nada até chegar à terra.

Se o mar é uma lápide, no mármore

vai britando até nascer a onda.

Quando o sol é frio como a lua,

astro uivando sem saber que é dia,

vamos com a tocha dar álcool à neve!

Este inverno não é tempo de hibernar, amigos!

Vamos à cata de ursos,

para que a pradaria ressoe,

         e acordem os pássaros.