Antielegia para Alberto Luís Baraúna

Ruy Espinheira Filho

ANTIELEGIA PARA ALBERTO LUÍS BARAÚNA

 

Impossível te contar.

Se antes já eras difícil

quando

palpável e civil
com idade  horário  óculos  bigode

andar característico  endereço

como

te contar agora que deslizas

no sem-limite
e
segundo um apenas desejar

auroras-te num cerne de noite

   ou te anoiteces

numa centelha de manhã
com (imagino) um portulano feérico

aberto ante o teu trânsito embruxado?

 

Ah  como

 te contar

se mesmo

quando ainda o corpo te prendia

ao chão nosso de cada passo

às vezes cruzavas a cidade

pelos anéis de Saturno?

...e logo

  múltiplo

   passeavas

ventos marinheiros

 carrosséis de antanho

tu

enselvado no amorável

jamais como um que perdeu

   seu Unicórnio?

 

Mais que nunca

       poeta

impossível te contar.

Vogas tão além do verso

quanto a extrema complexidade de certas coisas

 simples

como hoje

    por exemplo

quando despertei

e vi o sol nascendo e o céu azul

e o mar brilhando manso e a terra úmida

explodindo em verde

e tomei café e acendi um cigarro

e sentei-me diante da janela aberta

e

  de repente

aquele riso

vindo da rua

um riso

 assim

    muito claro

vindo da rua.

 

 

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Coordenação

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Bolsistas de pós-doutorado (CNPq)

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Rafael Fava Belúzio

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Ana Clara Magalhães (UnB)

Cleidson Frisso Braz (Doutorando UFES)

Cristiano Augusto da Silva (UESC)

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