Abrir os braços
Abraçar a humanidade.
Abrir a boca.
Beijar todos de uma vez.
Virar as costas
e sangrar meus calcanhares.
Sentir o cheiro
que emanam as pessoas.
Que venham todas as crianças
e mulheres
todos os homens
as raças diferentes
todos os pobres
carentes e doentes.
Menos os credos pois deles desconfio.
E os fanáticos pois deles tenho medo.
Menos aqueles que sabemos nocivos.
Todos os outros que não quiserem vir.
Foi com esses treze dias de greve de fome
que descobri esta forma de amar.
Da fraqueza, do soro, da língua seca,
dos vômitos,
eu vou esquecer.
Mas este amor
eu vou curtir e usar.
Maria Cristina Ferreira de Oliveira
Hospital Penitenciário
12/5/78