A VEZ DO EPICURISMO
(In "poemas da Greve de Fome")
Revigorada a flama-consciência
no tributo da fome
saúdo agora a vez do epicurismo
Adeus estoicismo: findou tua hora!
Cessaram tua fome
teus ocos
tuas gosmas
tuas náuseas
teus rascos
e ressecamentos.
Bem-vindo benfazejo epicurismo
e toda a sanha e o viço soberanos
dos gozos sensuais sãos e robustos.
Bem-vindos
sucos de fruta
caldinho quente
leite queijo iogurte
guizado bife peixada
feijoada canja cozido
omelete macarrão e pizza
doces bolos saladas sorvetes.
Bem-vindas guloseimas todas.
E bem-vinda também a quenturinha nua
da minha companheira na cama.
E esclareço não ser monge budista.
E mando fazerem uma greve de fome
para entenderem de poesia prática
os que não veem poesia nisto aqui.
Marcelo Mário de Melo
Itamaracá - PE