A UM CAMARADA
Tempo muito já se foi
que de nós partiste
e nenhuma lágrima caiu
senão de parentes próximos
e companheiros teus.
Teus pais distantes
talvez alegres estivessem
porque da tragédia inconscientes
pra depois os lamentos
carpidos da cova ausentes.
Teus irmãos na luta feroz
logo souberam e mortificados sentiram
nos aparelhos distantes e ruas frias
caminharam com a alma chorando e
só o amor ao ideal, firme os mantinha.
E gotas pingentes dos olhos
mananciais de incontidas emoções
nas celas de suplícios olhar distante
perdido entre lágrimas lentas vazadas
do burburinho do peito na saudade presente.
Se nas dores dos suplícios gritos partiam
eram nas pausas as torturas que
no remoer dos atos e ordenação dos fatos
as lágrimas das saudades mortificantes
na cela exígua e solitária escorriam.
Teus companheiros, Lisboa
que chorar saudades souberam
não te seguiram os passos
na dedicação subterrânea da luta
ficando somente, teus feitos que
anonimamente o povo absorveu.
Camarada e irmão identificados
na luta, aspirações e atos que
nos fraternizou nas ações e no riso
no levar consciência ao povo
pouco a pouco mas sempre, e hoje
o lamento de não poder levar
ao teu túmulo simbólicas flores.
Da cova anônima e rasa
em que plantado foste
germinarás nos peitos sãos
dos desprovidos de vaidades infandas,
até sempre camarada
ainda somos irmãos...
Ao camarada e companheiro,
insígne revolucionário assassi-
nado sob torturas que lhe trou-
xeram a putrefação física an-
tes mesmo de expirar. 04/09/77,
quarto aniversário de sua morte.
Itamaracárcere, Emil