A razão do poema

Pedro Tierra

A RAZÃO DO POEMA

 

 

 

 

 

Prometi nunca render-me                        (PPSP, maio de 1975)

ao verso fácil.

À poesia-nuvem,

fluida substância sem contorno.

Não fuja do meu sangue o verso vago,

alheio ao barro amargo do Tempo.

 

Eu quis gume,

a aresta,

o friso.

 

Recusei o lírio

das feiras semanais de flores mortas.

Eu quero um poema-dor,

arrancado aos pedaços

da carne da vida.

Aqui está ele

sangrando meus dedos

no cimento da cela.

 

A poesia não marca hora.

Hoje, como há trinta anos,

está nos jornais.

Foi pisada,

cuspida,

torturada:

 

contra todas as formas de morte

floresce.

 

Eu a encontrei num dia de chuva,

durante o combate.

Trazia um vento de Liberdade na boca

e a metralhadora nas mãos.

 

Ensinou-me o fogo

e a palavra.

Lavrou-me nos pés o roteiro

dos caminhos que percorrerei:

 

nenhuma dor visite a casa de meu irmão

sem se fazer lágrima nos meus olhos.

Nenhuma investida dos cavaleiros da morte

será silenciada.

E se vier a tortura, ou a morte,

a marcha para o sol reunirá

os pedaços dispersos do meu corpo...

E o canto do Povo sobre a cidade aberta

não me surpreenderá adormecido.

 

 

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Coordenação

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Valéria Goldner Anchesqui

Bolsistas de pós-doutorado (CNPq)

Camila Hespanhol Peruchi

Rafael Fava Belúzio

Pesquisadores/as vinculados/as

Abílio Pacheco de Souza (UNIFESSPA)

Ana Clara Magalhães (UnB)

Cleidson Frisso Braz (Doutorando UFES)

Cristiano Augusto da Silva (UESC)

Diana Junkes (UFSCar)

Fabíola Padilha (UFES)

Francielle Villaça (Mestranda UFES)

Henrique Marques Samyn (UERJ)

Marcelo Paiva de Souza (UFPR/CNPq)

Mariane Tavares (Pós-doutoranda UFES)

Patrícia Marcondes de Barros (UEL)

Susana Souto Silva (UFAL)

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