A fome fomenta a morte
mordendo mansamente
a dor da vida desprovida.
A dor dormida mais se rebela
em cada nova ferida.
nada será como antes:
um dia a rebeldia eclodindo,
aves de rapina alçando vôo
derradeiro em mergulho fatal
ao orgulho nas águas estagnadas
de peixes podres emersos
e escombros submersos
carcomidos-fedidos idos,
contra a granada arremessada
o tiro repentino assassinando,
contra a surpresa um quartel
perdendo a defesa, ao estalido
o sentinela esquecendo a ressaca
babaca da própria sina…
Mas a morte morde
a fome fomenta
a dorme até
um dia a rebeldia.