A balada pungente da ausente
trinca e tranca o pranto
no tristonho-risonho dos olhos.
No sinistro da cela, ao pé
da cama, Neruda sempre redito
(puedo escribir los versos
más tristes esa noche)
me desespera em intenções de antes.
Tenho pensado, careço dizer,
um réquiem por Chael
que dure exato o silêncio
e um baião baiano, tributo
a cantar em novembro
quatro de cada ano.
Imaginei monumentos estilizados
aos tombados no risco de esculpir
a manhã plena de dia.
Compus em madeira fragmentos
à militante, mas Vera Lígia
ainda não os leu e já
se extraviaram e são outros
e são desejos de talvez
virem a ser inventos
de mais encanto, porquanto
o envolvimento em novas malhas
da formosura cresce o labor.