29.
Na fornalha deste enredo,
resíduos de privações,
crestam os ossos e as carnes
no vórtice das opressões.
As palavras corrosivas
são rebanho de punhais,
de fendas no tempo lasso,
de brechas no sentimento.
Espesso tempo-punhal
faz exílios pertinentes,
traz a morte no seu cume,
greta a chaga do abismo.
As aragens passeantes
compensam os tempos de breu?
Compensam a dor fermentada
no mofo da intolerância?
Na engrenagem doméstica
os saldos do sal do dia
temperam desarmonias
com ódios acumulados.
Nódulas, eis a herança
do que fui e do que sou,
do punhal dilacerante
que o meu destino traçou.
Agora jaz e atormenta
o patrimônio das fugas,
destas rugas enramadas
no tronco destes desígnios.